Atividade foi introduzida em comunidades rurais para gerar renda a partir da floresta
O Peru possui o maior número de espécies de borboletas do planeta, aproximadamente 4,2 mil, muitas delas restritas aos territórios amazônicos. Esse registro é apenas um exemplo da enorme biodiversidade das florestas peruanas, que demonstra a importância do desenvolvimento de iniciativas econômicas sustentáveis voltadas para as populações rurais.
Aprimorar as práticas de manejo sustentável de borboletas amazônicas, favorecendo as atividades econômicas a elas relacionadas, foi o que motivou o pesquisador do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP), Joel Vásquez Bardales, a desenvolver um manual que apresenta, de maneira simples e didática, as diretrizes apropriadas para a criação de 10 espécies para uso comercial em comunidades rurais de Loreto, a região mais extensa e menos povoada do Peru.
Realizada entre 2013 e 2016, a solução faz parte do projeto “Modelos tecnológicos para a criação de dez espécies de borboletas do dia para uso em negócios na região de Loreto”, produzido pelo IIAP, em colaboração com a Universidade Nacional da Amazônia Peruana (UNAP) e financiado pelo Programa Nacional de Inovação para Competitividade e Produtividade (Innóvate Perú) do Ministério da Produção.
O manual não apenas investiga a biologia e o ciclo natural de cada uma das espécies de borboleta, mas também apresenta as espécies de plantas associadas a elas, bem como o manejo que deve ser realizado para uma produção sustentável.
Sobre a solução
Foram pesquisados os aspectos bioecológicos da interrelação das borboletas com suas plantas alimentícias, seus inimigos naturais, ciclos biológicos e comportamento reprodutivo, assim como as relações funcionais entre os ambientes das borboletas (escoamento da água, altura da malha, grau de intensidade da luz solar) e aspectos nutricionais (dietas alternadas, artificiais, nectaríferas e adição de mel na ração).
O projeto desenvolveu técnicas de adaptação reprodutiva e alimentar (cativeiro e semi-cativeiro) em borboletários e plantações hospedeiras, determinando os melhores modelos de criação para as 10 espécies e os meios ideais de transferência de pupas para exportação.
Como resultado, a criação de borboletas favoreceu a recuperação e conservação das florestas, uma vez que o sistema de produção foi implementado em áreas degradadas pela agricultura migratória e desmatamento, onde plantações hospedeiras foram instaladas para a produção maciça e sustentada de pupas e borboletas. O projeto também favoreceu o desenvolvimento da atividade de turismo experimental, permitindo que as habitações rurais da comunidade de San Rafael, também no Peru, fossem melhoradas gerando renda e garantindo melhor condição de vida aos moradores.
Outro impacto positivo da iniciativa foi o estímulo ao respeito à vida das borboletas por meio da educação ambiental fornecida para a população. Juntamente com as abelhas e os morcegos, as borboletas são um dos polinizadores mais eficientes da Amazônia.
Plataforma de Soluções
O projeto é considerado uma solução inovadora para Amazônia e, por isso, toda a pesquisa foi registrada na Plataforma de Soluções Sustentáveis da SDSN Amazônia, ferramenta que visa ser um canal de difusão de novas tecnologias, modelos de negócios e políticas que tenham potencial impacto transformador no desenvolvimento sustentável da região.
É uma plataforma on-line, georreferenciada e trilíngue (português, espanhol e inglês) que divulga soluções sustentáveis propostas por organizações públicas, universidades, institutos de pesquisa e organizações não-governamentais que fazem parte da rede.
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